Casa de Santos Dumont
Uma casa que tem até nome, e que permite ver um pouco da excentricidade e genialidade de seu dono, o primeiro a controlar um aparelho voador “mais pesado que o ar”. O museu Casa de Santos Dumont preserva e divulga a memória do pai da aviação brasileira, gênio da engenharia que revolucionou o mundo.
1. Vida e obra:
Aeronauta, esportista e inventor brasileiro, nascido em 1873 em Palmira, cidade mineira rebatizada de Santos Dumont.
Alberto Santos Dumont estudou em Paris e participou da “corrida da aviação” que ocorreu por lá: Foi um grande balonista, um grande desenvolvedor e piloto de seus próprios dirigíveis e pioneiro da aviação: Realizou o primeiro vôo em público decolando com um veículo mais pesado que o ar, sem ajuda de impulso e propulsão fora do próprio aeroplano, o famoso 14 Bis!
Santos Dumont também criou o Deimoselle ou Libélula, que é precursor do ultraleve. E ainda abriu mão de registrar a patente, e consequentemente dos royalts que a invenção poderia render, pelo puro magnânimo ideal de propagar conhecimento.
2. Lugar de férias e descanso:
Sempre que Santos Dumont vinha ao Brasil, costumava passar alguns dias em Petrópolis para seu descanso e meditação. Numa dessas visitas, avistou um terreno acidentado e elevado, no Morro do Encanto.
Usando sua visão criativa, imaginou ali um chalé europeu encravado nos montes, como se estivesse percorrendo as elevações suíças ou francesas. E a idéia de “Encantada” começou a tomar forma em sua mente.
Através de amigos, chegou até o proprietário, ao qual propôs a compra, que se realizou em Abril de 1918. Imediatamente contratou o engenheiro construtor Eduardo Pederneiras, com o qual traçou a planta da casa, iniciando-se a construção sob sua supervisão, ficando pronta em 3 meses.
3. Design inovador:
Como toda a obra de Santos Dumont, a “Encantada” também revolucionou alguns conceitos, tais como aproveitamento de espaços, praticidade, design inovador dos móveis, além da adaptação do terreno e harmonia com a natureza.
O chalé alpino francês era pequeno e funcional, sem divisão de cômodos, com apenas o necessário, sendo que possuía uma fortuna. Criou também móveis fixos, o que não existia no começo do século XX.
Sem contar os detalhes: escadas que possuem meios degraus com forma de raquete, obrigando a pessoa a usar o pé direito ou esquerdo neles, mas feitos assim para evitar que a pessoa não batesse a canela no degrau de cima; chuveiro aquecido a álcool! Sem falar no relógio de pulso, pois precisava ficar com as mãos livres durante seus testes de vôo!
Estão expostas também a luminária da casa, presente da princesa Isabel, e uma coleção completa e original de Julio Verne e Victor Hugo.
4. Descrição da casa:
No primeiro andar ficava uma oficina de pequenos reparos e laboratório fotográfico. No segundo andar, uma sala de estar, biblioteca, escritório e lugar de refeições. No mezanino, o dormitório e banheiro. A casa finalizava no terraço onde ele podia observar o céu, e cujo acesso desde o quintal era feito por uma pequena passarela, com um corrimão feito com uma corda esticada.
E a cozinha? Quase em frente de sua casa, onde hoje é a Universidade Católica de Petrópolis, funcionava o Hotel Palace. Santos Dumont ligava para lá, pedia comida e o garçom ia lá entregar: por isso se diz que ele inventou o delivery, em 1918.
5. Museu:
Santos Dumont faleceu em 23 de julho de 1932, no Guarujá – SP. Seus sobrinhos doaram a casa à prefeitura, com a condição de que a casa se tornasse um local de visitação ou uma instituição que homenageasse e perpetuasse a memória do tio inventor. “Encantada” foi tombada pelo IPHAN em 14 de julho de 1952 e hoje faz parte do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional. Em 25 de setembro de 1956, é criado o Museu Casa de Santos Dumont, e vem recebendo cerca de 10 mil visitantes.